domingo, 31 de julho de 2011

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Gostava de te poder ver ainda hoje,
São coisas, só coisas,
Que quero dizer é que isto é isto,
Mas não tem de ser isto.
Instável, próxima, insegura
É a fragrância sexualmente transmissível.
Sobriamente saboriável,
De uma embriaguez delirante e degustada.
Somos todos eles.
Proponho (Propomos) o encontro,
O espaço solto, revolto, envolto.
Queres que diga também,
Eu digo sabiamente também,
Eu digo falsamente, cinicamente também,
O que realmente digo é outra coisa:
Cobra, cordeiro, lobo, égua e ovo.



Matta

sábado, 23 de julho de 2011

As borboletas não são flores

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São as borboletas que fazem a minha imagem de pessoas questionadas. Quero eu referir, todas aquelas pessoas e pessoas que por momentos deixam na escrita perguntas para ninguém. O lado, que não é o consciente, faz-se usar de uma falsa ignorância para interrogar as palavras sobre porque é que eu não sou visto da maneira como me vejo.
Com o devido respeito, meus ordinários, acreditam mesmo que as palavras vos responderão?
Certamente, eu não acredito e ordinário o sou. Ainda assim, que mal tem falar com as palavras.
Por outro lado que bem tem falar com elas? Nenhum, e é isso que é o bonito.
Esse bonito que não moí nem mata a fome, alimenta apenas um sorriso de compaixão a quem as lê.
São tão profundas estas reflexões, tão sentidas por quem as escreve. Mas é só isso. Não critico as palavras choradas que soltei, as metáforas simbolicamente geniais que usei para me por no mundo, critico a razão que elas não têm. Não caiemos no erro de achar que elas são para quem as lê, os seus talvez leitores. Elas, essas de tão intima qualidade, são para quem as escreve.
Como já escrevi e disse, mal nenhum tem isso. Acredite-se é que o bem que tem é só para quem o escreve. Porque não se pensa em dar ao mundo aquelas espelhadas palavras. Pensa-se em dar o bonito à nossa maneira de ver.
Começo a perceber que borboletas não são flores. Ainda que o melhor dos wallpapers as meta sempre juntas, a borboleta voa e a flor fica.

Portanto, quando escrevemos, acima de tudo, há-que saber para que se faz isso.
Só ao saber se aquilo é para ser lido em espelho ou não, é que conseguimos olhar para este monte de palavras e dizer algo acerca.


Caso seja como fizera, soa-me, agora, que isso é como vestir uma flor para ficar mais bonita.



sexta-feira, 22 de julho de 2011

a minha fome

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de Ryan Mcgingley


Comecei por levar o prato envolto em azeite, que por excesso, acabou por ser derramado sobre a mesa de madeira (cereja).
Acho que é isto, a minha fome. A gordura, o animal, a febre intensa de carne, desejo, paixão. Em pouco tempo apercebi-me que vou ser uma velha rezingona, rabujenta, sózinha... Esta é a minha imagem de mim. Apercebi-me disto por lembrar de coisas como o meu primeiro investimento num blog. A minha última intervenção no "Gondryside", foi a 30/11/10, não está assim tão longe quanto isso.


Falo de amor, de paixão, de vida, de ar, de bolhas, de música, mas acho que nunca chego a dizer de mim. Não mostro os amuos. É a perfeição da letra estrábica.
Quem o viu, quem o acompanhou, ao "gondryside" não o soube ver... Nem sequer eu própria.
Acho que afinal estou a falar de uma crise de identidade.

Sempre quis estar nua, foi, é e vai ser sempre isso.


quinta-feira, 21 de julho de 2011

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Foram três: os minutos, ou 180: os segundos, que abriram as portas ao tempo."
Tanto tempo em tão pouco tempo.
Resolvi pensar que na cidade em que o carbono se impõe aos olhares por entre as gretas dos estores as pessoas filosofam menos. Menos, mas em melhor qualidade, se filosofarem.
Ou seja, todas as pessoas a que o tempo escasseia não têm o monstro do "quem sou eu e o que faço aqui?" à perna. Certamente caminham de forma muito mais leve, ou então... não.
São duas as partes indispensáveis à formação de um ser em formação:a parte dos estores e a parte do carbono
Devo dizer que a do carbono é muito mais progressista e assemelha-se muito mais àquilo que esperamos que nos esperará. Todavia, falta apenas o simples pormenor de as pessoas puderem acreditar em tudo, mesmo quando o cenário tem a prerrogativa de sítios cujos ornamentos são antagónicos a essa crença.
Assim sendo, deduzo que se forem quatro: os minutos, será tudo mais perfeito.

Foi à cerca de um ano que estas ideias ornamentadas por palavras excessivamente metaforizadas entraram neste espaço, próximo daquele que agora vos quero apresentar. 
Não me vou precipitar, já que tenho o tempo de quem me ouve. Assim sendo, começo pelo início. Diria eu, em tempos, que as profundidades filosóficas atingidas na cidade e nas outras cidades são diferentes. Pois bem, claramente são diferentes, mas são também diferentes as pessoas e, sobretudo, é diferente a grossura da membrana que está entre o olho e o mundo. A filosofia ocupa-nos a cabeça de tal forma que pensamos que somos os únicos que desperdiçamos o tempo a filosofar. Não tratemos esta filosofia por senhora filosofia de 500 páginas e 1000 conceitos. Trate-mo-la como a viagem ao miradouro da vida. Mas este miradouro tem tantos filhos bastardos e menos bastardos, feitos em caminhos que às tantas, damos por nós e não sabemos como se volta lá abaixo, chamo-lhe eu a vida. 

Neste ecrâ de 19 polegadas que na altura em que foi comprado foi bem suado, aparece-me uma conta de antigamente onde consigo ver cerca de três a quatro espaços como este. Foi de um deles que roubei o texto acima. Mais importante do que o seu valor humorístico ou crónico-literário, é o que isto me valeu. Além de aprender a mexer em photoshop e dar uns arranhes na programação html, tudo em virtude de um bom ornamento, vi um outro miradouro. 
Sem pessoas com mamas e bocas, sem ar a mar ou vento florido. Apenas um teclado e um ecrã bem escolhidos deram-me azo a fazer dessa filosofia, a humana. Muitos outros se usam e usaram do moleskine, mas eu não tenho bolso para isso. Apenas tenho bolso para uma imitação e, meus amados, por muito boa que a imitação seja, prefiro sempre um real mais fodido.
Era este que tinha e continuei a ter. Mas aconteceu-lhe o mesmo que aos beijos da minha mãe, foram trocados pelos xoxos e beijos linguarudos de uma qualquer que os quisesse dar. Até há pouco tempo pensei em troca, agora sei que não. Esses beijos da minha mãe deixaram-me começar a questionar os coldplay, os gato fedorento e o capitalismo, não por sua disciplina mas por acompanhar a solidão de um adolescente teso. 
Por sua vez, essa outra qualquer que me deu linguarudos beijos deixou-me tocar no homem. Pôs-me na mão uma mama palpável e com carne. Felicidade era o que me ocorria gritar se uma, ou outra, ficassem comigo sempre. Mas nem elas ficam nem a felicidade com f grande existe. Precisamos das duas, precisamos dos três. 
Por eu precisar, tu não precisas, mas podes querer. 

Como tal, convido-te a ti, que já te dei beijos linguarudos, para vires filosofar, ou se quiseres, partilhar youtubices. Assinado, anónimo ou heterónimo o que queima é que tens com quem partilhar sem interessar quem faz ou quem dá. 
Porque ao fim ao cabo, no espaço palpável e no teu só espaço toda a gente te interrompe. Aqui tens tempo para ouvir, responder e apagar a resposta. Não vês os olhos aquosos de quem te escreve mas podes sentir as palavras que são só isso.



este vou assinar, os outros logo vejo
rodrigo