quinta-feira, 21 de julho de 2011

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Foram três: os minutos, ou 180: os segundos, que abriram as portas ao tempo."
Tanto tempo em tão pouco tempo.
Resolvi pensar que na cidade em que o carbono se impõe aos olhares por entre as gretas dos estores as pessoas filosofam menos. Menos, mas em melhor qualidade, se filosofarem.
Ou seja, todas as pessoas a que o tempo escasseia não têm o monstro do "quem sou eu e o que faço aqui?" à perna. Certamente caminham de forma muito mais leve, ou então... não.
São duas as partes indispensáveis à formação de um ser em formação:a parte dos estores e a parte do carbono
Devo dizer que a do carbono é muito mais progressista e assemelha-se muito mais àquilo que esperamos que nos esperará. Todavia, falta apenas o simples pormenor de as pessoas puderem acreditar em tudo, mesmo quando o cenário tem a prerrogativa de sítios cujos ornamentos são antagónicos a essa crença.
Assim sendo, deduzo que se forem quatro: os minutos, será tudo mais perfeito.

Foi à cerca de um ano que estas ideias ornamentadas por palavras excessivamente metaforizadas entraram neste espaço, próximo daquele que agora vos quero apresentar. 
Não me vou precipitar, já que tenho o tempo de quem me ouve. Assim sendo, começo pelo início. Diria eu, em tempos, que as profundidades filosóficas atingidas na cidade e nas outras cidades são diferentes. Pois bem, claramente são diferentes, mas são também diferentes as pessoas e, sobretudo, é diferente a grossura da membrana que está entre o olho e o mundo. A filosofia ocupa-nos a cabeça de tal forma que pensamos que somos os únicos que desperdiçamos o tempo a filosofar. Não tratemos esta filosofia por senhora filosofia de 500 páginas e 1000 conceitos. Trate-mo-la como a viagem ao miradouro da vida. Mas este miradouro tem tantos filhos bastardos e menos bastardos, feitos em caminhos que às tantas, damos por nós e não sabemos como se volta lá abaixo, chamo-lhe eu a vida. 

Neste ecrâ de 19 polegadas que na altura em que foi comprado foi bem suado, aparece-me uma conta de antigamente onde consigo ver cerca de três a quatro espaços como este. Foi de um deles que roubei o texto acima. Mais importante do que o seu valor humorístico ou crónico-literário, é o que isto me valeu. Além de aprender a mexer em photoshop e dar uns arranhes na programação html, tudo em virtude de um bom ornamento, vi um outro miradouro. 
Sem pessoas com mamas e bocas, sem ar a mar ou vento florido. Apenas um teclado e um ecrã bem escolhidos deram-me azo a fazer dessa filosofia, a humana. Muitos outros se usam e usaram do moleskine, mas eu não tenho bolso para isso. Apenas tenho bolso para uma imitação e, meus amados, por muito boa que a imitação seja, prefiro sempre um real mais fodido.
Era este que tinha e continuei a ter. Mas aconteceu-lhe o mesmo que aos beijos da minha mãe, foram trocados pelos xoxos e beijos linguarudos de uma qualquer que os quisesse dar. Até há pouco tempo pensei em troca, agora sei que não. Esses beijos da minha mãe deixaram-me começar a questionar os coldplay, os gato fedorento e o capitalismo, não por sua disciplina mas por acompanhar a solidão de um adolescente teso. 
Por sua vez, essa outra qualquer que me deu linguarudos beijos deixou-me tocar no homem. Pôs-me na mão uma mama palpável e com carne. Felicidade era o que me ocorria gritar se uma, ou outra, ficassem comigo sempre. Mas nem elas ficam nem a felicidade com f grande existe. Precisamos das duas, precisamos dos três. 
Por eu precisar, tu não precisas, mas podes querer. 

Como tal, convido-te a ti, que já te dei beijos linguarudos, para vires filosofar, ou se quiseres, partilhar youtubices. Assinado, anónimo ou heterónimo o que queima é que tens com quem partilhar sem interessar quem faz ou quem dá. 
Porque ao fim ao cabo, no espaço palpável e no teu só espaço toda a gente te interrompe. Aqui tens tempo para ouvir, responder e apagar a resposta. Não vês os olhos aquosos de quem te escreve mas podes sentir as palavras que são só isso.



este vou assinar, os outros logo vejo
rodrigo

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