quinta-feira, 24 de novembro de 2011

38.

- Ao chegar aqui não consigo reprimir um suspiro . Há dias em que se apodera de mim um sentimento mais negro que a mais negra melancolia - o desprezo pelos homens.
- E para não deixar dúvida alguma sobre o que desprezo e sobre quem desprezo, direi que é o homem de hoje, o homem de quem por infelicidade sou contemporâneo. O homem de hoje - o seu hálito impuro asfixia-me... Como todos os lúcidos uso de grande tolerância para com o passado, isto é, generosamente me constranjo a mim mesmo: atravesso com melancólica circunspecção milhares de anos de um mundo-manicómio (...) - abstenho-me de tornar responsável a humanidade pelas suas doenças mentais. Mas a minha sensibilidade revolta-se, explode, assim que penetro nos tempos modernos, nos nossos tempos. O nosso tempo é consciente.

O Anticristo, Nietzsche

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