domingo, 28 de agosto de 2011

fogo posto

Há um desconhecido desinteressante na orla da floresta: ninguém o vê.
Depois de medir a respiração de todos os que estão ali, avança, na medida certa, bem entendido.
A floresta recebe o condenado à morte, dizendo-lhe: seja nosso convidado.
Sonâmbulo, ele senta-se para jantar.
Que pitéu, dizem todos. O convidado é boa boca, não há como distingui-lo dos outros.
A floresta em redor está seca e negra: é por causa dos fogos.
No meio da floresta, decorre um festim irrigado de vinho, daquele que adormece.
O desconhecido desinteressante nunca aprendeu a medir o vinho tão bem como aprendeu a medir as respirações dos outros.
É na mesa do banquete que se encontra o cadafalso.
O homem, sem que o conheçam, sem que se interessem por ele, acolhe a sentença com um gesto.

B.V.

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